sábado, 13 de agosto de 2011

Idade da Razão


________________Jean-Paul Sartre


 "- Isso de me conhecer não me interessa tanto assim - disse simplesmente.
  - Eu sei - atalhou Marcelle -, não é um fim, é um meio. É para libertar-se a si próprio; olhar-se, julgar-se: sua atitude predileta. Quando você se olha, imagina que você não é o que está olhando, que você não é nada. No fundo, é o seu ideal: não ser nada.
  - Não ser nada - repetiu lentamente Mathieu - Não. Não é isso. Escute: eu... eu gostaria de nada dever senão a mim mesmo.
  - Sim. Ser livre. Totalmente livre. É seu vício.
  - Não é um vício - disse Mathieu. - É... Mas que quer você que eu faça, então?
  Estava irritado. Tudo isso, ele o explicara cem vezes a Marcelle e ela sabia que era o que mais lhe importava.
  - Se... se eu não tentasse viver por conta própria, existir me pareceria absurdo.
  Marcelle tomara um ar sorridente e obstinado:
  - Sim, sim... é seu vício.  "


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"Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada" - Mário Quintana